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Miyazaki e seus mundos fantásticos.

18 out

Existe uma verdade da qual jamais escaparei. Não conheço absolutamente nada sobre literatura japonesa. Claro, vejo desenhos animados de montão e de vez em quando alguns quadrinhos. Mas isso não deve chegar nem perto da literatura que aquele país produz. Por uma óbvia barreira linguística e cultural, só temos acesso ao lixo produzido por eles.

Vamos falar sério….

Colegiais com espadas retalhando demonios ou sujeitos bombados soltando raios pelas mãos não é o que você exatamente chama de cultura. Mas os adolescentes idiotas acham isso, então eu não vou discutir esses pormenores, uma vez que não interessam a ninguém que lê este blogue.

Sério, se você está lendo o que eu escrevo deve desprezar do fundo do seu coração aquelas produções idiotas que simplesmente se resumem em porrada estilizada com acrobacias. Contudo, deve amar uma boa animação, que conta uma história bonita e cheia de profundidade…

Nossa, como estou gay hoje! Estou quase lambendo a mim mesmo!…

Isso pegou mal…

Agora dane-se.

Continuando… minha…exposição…

Não tenho a menor idéia do que se produz de livros no Japão que não sejam historias semi-pornôs idiotas envolvendo adolescentes. Porém, acho que conheço um pouco de boa coisa vinda de lá, pelo menos no que se condiz a animação – sim, otakus, eu jamais chamarei desenho japonês de animê, isso é imbecil à enésima potência.

Alguém consegue levar isso à sério tendo mais de 8 anos?

Alguém consegue levar isso à sério tendo mais de 8 anos?

Então, para sanar minha total ignorância acerca do beletrismo nipônico acabo assistindo a produções que primam por suas belas histórias e não por garotas de mini-saia que espalham a alegria e a pedofilia por onde passam. Nesta onda já peguei todos os filmes de Ghost in the Shell, dos quais falarei outro dia.

Hoje darei mais brilho às obras de um senhor chamado Hayao Miyazaki. Muitos o comparam a um Walt Disney de olhos puxados. O que eu acho uma ofensa da grossa na minha opinião.

Ele até hoje não inventou um pato que só se veste da cintura pra cima e quando toma banho coloca a toalha da cintura pra baixo. Nem mesmo um rato com sérias tendências homossexuais. Aliás, ele não parece sofrer de traumas emobichas como nosso colega americano, que odiava ver pais em suas obras.

Isso mesmo, papai e mamãe. Dizem que isso insinua sexo e as criancinhas americanas purinhas foram todas trazidas pelas cegonhas atrapalhadas de desenho animado.

Verdade, não consigo levar Disney à sério. Podem argumentar que Bambi tem uma carga emocional do cacete e técnicas de arrasar, mas é só isso. O resto é baboseira.

Mas estamos falando do japa e não do velho americano…

Só espero que ele não resolva montar um parque temático futuramente. Se a razão existe isso não vai acontecer!

Acho que perdi muito tempo reclamando dos outros então melhor irmos para os filmes.

O Castelo Animado é uma das últimas obras do velho.

O Castelo Animado é uma das últimas obras do velho.

O Castelo Animado infelizmente foi o único de seus filmes que eu realmente vi no cinema. O resto tive que me contentar com a locadora amiga ou a internet sempre presente.

A história trata de uma moça dona de uma loja de chapéus. Lá pelas tantas ela é salva pelo galâ saltador da história e por isso uma bruxa ciumenta a condena a viver num corpo de velha.

E é aí que está o pulo da história.

A moça já era uma velha desde o início, presa ao passado de uma loja de chapéus herdada pelo pai. Ninguém da própria família ligava pra aquilo. Ao se ver transformada de gatinha juvenil a uma velha nojenta ela se viu obrigada a fugir da cidade, encontrando abrigo no tal castelo que se mexia graças a um foguinho bem bacana chamado Calcifer. Como se fosse a alma do próprio castelo.

Eu disse que o proprietário do imóvel é o cara que a salvou e ao mesmo tempo condenou no início da história? Pois é, é ele mesmo. O sujeito sofre uma transformação todos os dias que o torna uma espécie de pássaro e ele passa a lutar numa guerra não muito distante e que atinge também o país da moça tornada velha.

O pulo do gato nessa história é que, toda vez que a moça é obrigada a se desvencilhar de velhos hábitos e medos ela rejuvenesce um pouco. Cada vez que ela se supera volta um pouco a ser mais jovem, até a superação final quando ela retoma totalmente sua aparência anterior, embora ainda continue para sempre com os cabelos brancos.

Uma linda forma de dizer que por mais que nos tornemos melhores, algo em nós continua ali para no dizer quem somos.

Disney faria algo assim? Não, ele fez a bela adormecida que fica lá roncando enquando não chega o príncipe fodão pra salvar a puta dorminhoca…

Grande contribuição as mentes infantis ele deu, meus parabéns!

Por fim, devo relatar que na sessão na qual assisti ao filme estava um trio, ou quarteto que era visivelmente abicharado… Me senti estranho num lugar onde teoricamente passaria um filme pra criança e de repente me aparece um batalhão de bichas… Deve ser azar meu mesmo…

Mas vamos para o próximo.

Uma cena dessas deve ser traumática para qualquer menininha.

Uma cena dessas deve ser traumática para qualquer menininha.

Muito bem, em A Viagem de Chirriro, uma menina estava viajando com os pais – coisa que Disney abomina como o diabo da cruz – quando inexplicavelmente param o carro em frente a um túnel estranho.

Do outro lado do túnel eles encontram o que parecia ser um festival com barracas cheias de comidas. E como os pais da menina estavam se roendo de fome abocanharam tudo sem nem mesmo se perguntar o que raio uma feira cheia de comida e vazia de gente estaria fazendo no meio do nada.

Parece que adultos sempre são idiotas ao não aceitar preceitos básicos para não se foder legal, essa que é a verdade.

A menina já estava com um medo de morte do lugar e queria sair dali o quanto antes. Mas o casal mané resolveu sentar e comer. E, enquanto eles comiam, transformavam-se em enormes e nojentos porcos bem na frente da filhinha.

Desnecessário dizer que ficou apavorada sem saber o que fazer. Só me lembro que pouco tempo depois ela foi admitida como empregada num hotel para espíritos – uma vez que o mundo que eles entraram era o mundo dos espíritos – para poder fazer com que os pais voltem ao normal.

O resto da história envolve o trabalho muitas vezes nojento, outras vezes hilário no tal hotel, suas relações com os hóspedes e empregados do mesmo e com um menino que não sabe o próprio nome.

Enfim, a menina tinha que se virar num lugar hostil para conseguir a humanidade dos pais de volta e não tinha nenhuma garantia de que isso realmente aconteceria. Queria ver se o tio Disney deixaria o Huguinho, Zezinho e Luizinho fazerem metade do que essa menina fez! Aliás, eles nem tem pais, só tios!

Porra, Disney, o que você tem contra sexo? Por acaso nasceu de inseminação artificial?

Vamos acabar com isso por hoje então.

Nausicaa do vale do vento é uma das coisas mais fodas que vi ultimamente.

Nausicaa do vale do vento é uma das coisas mais fodas que vi ultimamente.

Na verdade foi District 9. Mas como estou falando de animação japonesa não vou falar de favela-movie envolvendo ETs. Falarei de Nausicaa, uma moça que vive numa vila litorânea protegida pelo vento que mantém os esporos de um fungo letal à distância.

Passada num mundo pós-apocaliptico a história mostra que, mesmo depois de se ferrarem legal e definitivamente, a humanidade não toma jeito e sempre arruma uma desculpa pra fazer uma guerra.

Pois, nossa bela jovem Nausicaa estava vivendo sua vida tranquila, caçando carapaças vazias de insetos gigantes e passeando pela floresta de fungos e animais mortíferos quando num belo dia um avião cai em seu vilarejo. Todos os seus ocupantes morrem, inclusive uma menina, que a própria Nausicaa carrega em seus braços no meio da tragédia.

Mas o avião continha uma carga valiosa. O que fez com que o exército de um país tal que eu não tive vontade de identificar tomasse a vilazinha a força com todas as armas e tanques que tinha direito, subjulgando os pacatos cidadãos.

Nessa parte uma das cenas que mais me impressionou foi a de Nausicaa, que sempre fora toda fofinha até então, ao ver que os soldados mataram seu pai parte numa fúria assassina contra eles, só sendo controlada muito tempo depois por muitos, mas muitos soldados.

Pois é, nunca deixem garotas bravas o suficiente para quererem arrancar sua cabeça. Não é saudável.

A idéia dos invasores era queimar todo o fundo letal. O que de início parece razoável. Mas Nausicaa sabe que o fungo só é assim porque está limpando a sujeira que a humanidade fez durante séculos, como se fosse um aspirador de pó gigante e pegajoso. E que queimar a benga toda não iria ajudar em nada, ao contrário, só iria enfurecer os insetos gigantes que faziam o Godzilla parecer uma lagartixa mal formada.

Mas quem disse que sujeitos com armas têm cérebros na cabeça? Melhor era nem falar nada…

Além de bonita e uma moça corajosa!

Além de bonita e uma moça corajosa!

Ela e alguns membros da sua vila são levados de reféns para a capital do tal império idiota. Contudo, são atacados por inimigos e quase morrem todos, sendo a moça obrigada a salvar o dia e a pele da galera, até mesmo da general metida a besta.

Nesse meio tempo ela descobre um plano para usar os insetos superdesenvolvidos como uma arma para aniquilar de vez a vila da menina. E nem a tal arma deixada pelo avião pôde ter feito alguma coisa.

Coube a ela, pegar o inseto que estavam usando de isca e ir de encontro ao exército enfurecido de bichos sedentos de sangue com metros e metros de altura largura e comprimento…

E é isso…

A grande sacada as obras do velho é que as pessoas sempre tem que superar seus problemas internos para poder seguir em frente. Contudo, ao contrário de Disney, não há uma solução mágica que faça tudo ficar lindo e maravilhoso depois.

As consequências dos fatos se fazem sentir depois do final da história, sejam bons ou ruins.

Então chego ao final do texto de hoje. Espero que tenham gostado. Ah, é claro que eu não falei da obra toda dele porque eu simplesmente não vi. Pra qualquer coisa wikipédia é sua amiga.

Nausicaa2