Todo mal que você desejar.

28 fev

Então, estava pensando em voltar a escrever meus textos meio literário-filosóficos. Afinal, preciso mostrar que não sou apenas um mané que gosta de brincar com as palavras e sim um intelectual cult e letrado que não tem mais o que fazer do que escrever num blogue que ninguém lê…

Bem, melhor começar logo.

Aviso de antemão que não serei engraçadinho nem farei piadas daqui pra frente. Se quiserem ir embora e esperar o próximo texto, fiquem à vontade.

Dito isto, procedamos ao nosso instigante tema de hoje:

O mal.

Sim, o mal. Não aquele mal idiota das histórias em quadrinhos ou dos livros religiosos, pelo menos não tanto esses. Me refiro ao mal mais visceral. Algo que as pessoas passaram a adorar e temer como uma espécie de deus pecaminoso e sedutor… Pois é, o mal é algo tão sedutor que nunca sai de nossas mentes nem por um segundo. O tempo todo desejamos algum tipo de mal à alguém, mesmo que seja simplesmente escorregar no chão. Tudo isso é mal.

Então, o que o torna tão sedutor? Por que as pessoas o tem na qualidade de um deus? E principalmente, por que tantas histórias onde o mal precisa ser vencido pelas forças do bem e da luz, estas sempre em épica desvantagem de força e recursos?

Simples, porque as pessoas são más por natureza. E a maneira de purgarmos esse mal interno é criando histórias nas quais ele é obliterado. Se não fosse assim o mundo seria engolfado pela loucura e selvageria. Precisamos de histórias de destruição do mal e redenção tanto quanto precisamos de comida e água. É algo que nos mantém vivos.

Sempre procuramos alguma coisa pra acalmar a besta interior.

Enfim, sempre precisamos de algo pra nos lembrar que ser mau é ruim e não aceito pela sociedade padrão. Para isso criaram os filmes de terror. Tá, também foi pra assustarem e excitarem adolescentes cheios de hormônios. Mas o sentido dele é brincar com o medo do mal desconhecido, da ameaça que não pode ser controlada. Um bom exemplo disso, é o filme Os Pássaros. Quem não assistiu esse filme merece a foqueira sequida de forca! Nele, pássaros começam a atacar e matar as pessoas sem motivo algum, e vai continuar sem motivo o tempo todo. Porque a idéia é fazer com que o espectador sinta a ameaça pela ameaça. O medo pelo medo.

Isso é educar contra o mal? De certa forma sim. Você aprende a não meter seu nariz onde não é chamado. Da mesma forma os filmes de terror sangrentos agem. Os livros também são assim. Precisamos o tempo todo lembrar de nossa natureza.

Então, devido a isso, criamos penas para quem não suporta prender o mal dentro de si. Penas que podem ser físicas e bem verdadeiras até as psicológicas e fantasiosas, como o inferno. O inferno é uma boa maneira de tentar fazer com que as pessoas não sejam más. O mecanismo é bem simples, inculcar na pessoa o medo irracional de uma pena eterna pelos erros que ele venha a cometer. Se a pessoa acreditar está feito, teremos um cidadão modelo por toda a vida. Se não, bem… Pode-se lidar com isso desde filmes até uma boa cadeia ou mesmo uma surra.

Pense o quanto sua mãe te surrou quando era criança toda vez que você fazia algo considerado errado… Pois é, a coisa é mais ou menos igual.

Enfim, estamos presos a uma sociedade cheia de malucos prontos pra nos arrancar o pescoço quando a mínima chance se apresentar, mas que não o fazem por puro e simples questão social. Não matamos nosso semelhante não porque vamos para o inferno ou a cadeia, mas porque o pacto social precisa ser mantido a qualquer custo. Ainda que podando esse lado da nossa natureza.

Pense nisso da próxima vez que desejar que seu amigo escorregue no chão da lanchonete.

5 Respostas to “Todo mal que você desejar.”

  1. Sheila 28/02/2010 às 23:33 #

    Eu nunca desejei que ninguém escorregasse no chão da lanchonete… 😛

  2. Leonardo (Baha) 01/03/2010 às 1:45 #

    Já desejei a morte de muitos \o
    Alguns desejei que agonizassem até o fim de suas miseráveis vidas, outros que morressem imediatamente para que sua presença não me emputecesse mais do que já o havia feito… mas, dane-se =P

  3. Erisianus 01/03/2010 às 20:30 #

    Acho quue o inferno foi um meio de controle mais político que um meio de controlar o mal natural de cada um. Foi um dos instrumentos de transformar o cristianismo numa religião lucrativa.

  4. Vanessa 09/03/2010 às 10:28 #

    olha só, eu leio o seu blog… humpf.

  5. hugo 17/03/2010 às 21:36 #

    so eu leio o seu blogue

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